A próxima reunião no Conselho promete

No próximo dia 26 o Conselho Deliberativo do Corinthians se reunirá pela última vez, em 2012.

Assuntos polêmicos serão tratados.

Principalmente pelo item “D” da ordem do dia, que tratará da exposição pelo vice-presidente eleito Luis Paulo Rosenberg, sobre os seguintes assuntos: obras de construção do estádio, contrato de patrocínio master para a camisa e construção do Centro de Treinamento das categorias de base.

E quando se fala em estádio no Corinthians, o conselheiro Edgar Ortiz é parte altamente interessada.

Edgar Ortiz solicitou ao presidente do Conselho e seus questionamentos sobre as obras em Itaquera, farão parte da ordem do dia.

Ortiz encaminhou a todos os conselheiros um documento de 16 páginas confrontando informações captadas atualmente, com o que fora registrado na ata de aprovação do projeto de construção do estádio pelo Conselho Deliberativo, em 16 de setembro de 2010.

De acordo com o documento, o Corinthians teve que ceder ao Fundo “Arena Itaquera”:

1. direito real de uso do terreno de Itaquera (CDRU);
2. direito de requerer os certificados de incentivo ao desenvolvimento (CIDSs);
3. direito de construir sob sua titularidade (estádio);
4. direito de uso do nome, da marca e do símbolo do Corinthians;
5. direito do contrato celebrado com a Odebrecht (isenções fiscais/estádio);
6. receitas de bilheterias e demais receitas do estádio;
7. obrigação de mandar 90% dos jogos no estádio;

A “Arena Itaquera”, conforme os documentos, apresenta como titulares/sócios/diretores, Mauricio da Costa Ribeiro e Rodrigo Boccanera Gomes, ambos com enderenços de residência Rua Iguatemi, 151, 19º andar, Itaim Bibi.

Ainda segundo o documento enviado pelo conselheiro Edgar Ortiz, o Corinthians cedeu o estádio ao Fundo, onde é cotista subordinado, pelo prazo de 30 anos.

Tais cessões estariam em desacordo com o que fora aprovado no Cori e no Conselho Deliberativo, em 2010.

De fato, se julgarmos procedentes e verdadeiros o teor do documento, as condições não são nada favoráveis ao clube.

Ainda sobre os questionamentos que serão feitos ao vice-presidente Rosenberg, deveriam ser incluídos os casos TV Corinthians e o Evento Varejista “Natal da Fiel”, que segundo consta, corre o risco de não ser realizado.

Sobre o patrocínio master, pelo que se especula no mercado, é remotíssima a possibilidade do Corinthians levar um patrocínio na camisa ao Japão.

Assuntos de fato nevrálgicos, que certamente movimentarão a reunião do próximo dia 26.

***

Trechos do documento enviado pelo conselheiro Edgar Ortiz, página 03 (três):

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ATA (AGE – 16/09/20120)

Palavras do Presidente “ANDRES SANCHES”, em 16/09/10 e situação a que chegamos na atualidade, bem diferente do prometido e aprovado pelo Conselho Deliberativo.

1) “O Corinthians não vai gastar dinheiro nenhum e não vai assumir dívida”.

Não é o que acontece. Ao contrário, só se fala na nossa dívida relativa ao Estádio.

2) “O preço fechado do Estádio para 48 mil pessoas será no máximo de 335 milhões, preço fixo. A única coisa que demos em troca, que a Odebrecht aceitou e foi bem negociado é que ela tem a opção do naming rights”.

O orçamento da Odebrecht foi de 640 milhões, com mais 20% de margem para manter o preço fixo contratado com o Corinthians, o que dá 820 milhões

3) “Será montada uma SPE (Sociedade de Participação Específica) que o Corinthians será o dono dela, que todo dinheiro que se for buscar no BNDES pela SPE, com garantias, aprovações assumidas pela Odebrecht, vem para a SPE, para esse dinheiro ficar só para o Estádio”, e mais adiante:

“O empréstimo com o BNDES ou qualquer Banco que venha a ser, com total garantia, será assumido pela Odebrecht”.

A SPE montada é bem diferente e o Corinthians não é dono dela. A garantia para o BNDES também mudou e passou da Odebrecht para o Fundo II criado.

4) “O que não podemos fazer é dar esse terreno em garantia num empréstimo. Acredito que nós devemos até proibir isso constando no Estatuto. O Estádio será uma coisa intocável e dele pegarmos as receitas à beneficio da entidade”.

Não só deram o terreno, como também as receitas, o direito de construir, o uso de nome, do símbolo e demais elementos da marca do Clube, direito às insenções fiscais para estádios da Copa 2014, o direito de requerer CIDs (incentivos fiscais da PMSP) e obrigação de sediar 90% dos jogos.

5) “Os componentes dessa SPE, em princípio será 99% o Corinthians e 1% o Presidente do Clube. Se tiver de ser duas pessoas físicas, serão o Presidente da Diretoria e o Presidente do Conselho Deliberativo. E mais ninguém. Então, 97% ou 99% é a Diretoria, o Conselho e o CORI que irão administrar os 98%.”

O Corinthians não tem nenhuma participação na SPE (“Arena Itaquera”), que pertence a duas pessoas físicas absolutamente estranhas. Fomos totalmente excluídos.