Empate com gosto de derrota

– Kleina, da pra ganhar destes caras? Os caras estão por cima, ganharam tudo ano passado, é o time a ser batido, vamos jogar na retranca, pra empatar ou vamos cometer a loucura de ir pra cima deles e seja tudo que San Gennaro quiser?

– Calma, presidente. Tá se esquecendo que com a Ponte eu desclassifiquei estes caras? Já venho analisando o time deles desde o ano passado. Já sei o que vou fazer. Vou adiantar os volantes, marcar a saída de bola deles, a tal transição curta que o Tite fala. Encosto alguém no Paulinho pra dificultar a “transição” e fecho os dois laterais deles para não terem opção pra sair jogando pelos lados. Ai eu forço a bola quebrada, que ele chama de transição longa e ai a gente se garante com o Henrique nas bolas aéreas. No ataque, exploro as costas da zaga, parecem um pouco lentos, jogando pelas laterais, forçando a saída do volante deles para auxiliar nesta faixa, aproveitamos o buraco que vai ficar no meio campo…

Este diálogo não existiu.

Aliás, sinceramente, é bem provável que tenha existido. Não nestas palavras, mas alguma coisa próxima disto.

A verdade é que Kleina, um bom treinador, fez mais do que pode, mais uma vez, com um grupo limitado, contra seu oponente Tite.

Quando estava na Ponte, Kleina tinha material humano melhor do que tem hoje no Palmeiras.

Este que tem tudo pra ser o pior elenco da história do time da Água Branca.

E o Corinthians?

Elenco de primeira, estrutura de primeiro mundo, campeão da Libertadores, Bicampeão do Mundo, líder em faturamento, público, renda, venda de produtos e camisas, matérias publicadas na imprensa internacional, o mais visto na TV, jornal, internet e o mais ouvido nas rádios.

Nada disto adiantou ontem.

Porque enfrentar o Corinthians de igual pra igual, mesmo com um time limitado, é possível.

As razões estão nos dois parágrafos acima, no diálogo hipotético entre o treinador palmeirense e seu presidente.

Nosso time só passou a jogar um pouco mais de bola quando nosso treinador, finalmente, promoveu as mudanças. Mudança tática já poderia ter feito ao longo da partida, o que não ocorreu. Assim como não ocorreu mudança de atitude dos jogadores, que se submeteram à marcação adversária.

Paulinho, encarregado da transição defesa-ataque, não estava tão bem ontem e não vai estar bem sempre. Ontem, foi praticamente anulado por Marcio Araujo.

Ralf não sabe fazer essa transição, sobraria isso a Danilo. Mas Danilo tem outra função tática na equipe.

Poderíamos ter vencido. O adversário, limitado, honrou a tradição do derby.

O empate pode e deve ser comemorado pelo time da Água Branca.

Ontem faltou vontade ao nosso time. Foco, garra e determinação pra vencer o maio rival.

Mas o maior rival de quem? Do clube, da torcida?

Sim. Mas talvez nossos jogadores não tenham entrado com este espírito ontem.

Empate ontem foi derrota.

Página a ser virada, tarde pra ser lembrada.

Que o nosso treinador encontre novas alternativas táticas e que o time, volte a jogar bola.

2012 é passado.

Comente a partida.

E debata: Pato pode ser reserva deste time?

E Emerson? Deve continuar como titular?

Vai Corinthians!

E boa segunda!