Tite fica

Segundo jornal gaúcho “Zero Hora”, Tite foi sondado pela Inter de Milão – clique aqui para a notícia.

Segundo o jornal, Tite teria pedido ao seu agente, Gilmar Veloz, para tratar do assunto.

São vários os motivos para acreditarmos que Tite ficará no Corinthians até o final do seu contrato.

Ou então, como já declarou o presidente Mario Gobbi Filho, até o final da sua gestão, que encerrará em 2014.

Eis os motivos.

Nesta que está sendo a sua segunda passagem pelo clube, Tite encontrou um novo Corinthians.

Na primeira vez, sob a “gestão” da MSI, conturbada, tendo como homem forte Kia, seu relacionamento com o iraniano não foi dos melhores.

Havia interferência e a sua saída, foi conturbada.

Como tempo depois também seria conturbada a saída da MSI.

Eram outros tempos. Havia forte pressão interna e principalmente, externa. A torcida não tolerava fracassos, não tolerava perder clássicos, eram tempos em que treinadores caiam a cada derrota para rivais.

Os treinamentos eram realizados dentro do clube, no Parque São Jorge. Associados e torcedores tinham acesso aos jogadores e a comissão técnica, quando tudo estava bem, eram procurados para autógrafos, a cada derrota, a cobrança era praticamente  frente-a-frente, corpo-a-corpo.

Recordo-me de inúmeras histórias deste tempo. Como de um associado que abordou o goleiro Fábio Costa, na subida do restaurante, por ele ter falhado numa partida. Fábio Costa, nervoso, atirou o celular escada abaixo e quase partiu para cima do associado, separados por pessoas que passavam pelo local.

Eram, de fato, outros tempos.

Na sua segunda passagem pelo Corinthians, Tite encontrou um clube diferente. Estruturado, dentro e fora de campo.

Centro de Treinamento de primeiro mundo, distante de tudo e de todos, bucólico e isolado, fisiologia e profissionais de preparação física e apoio dentre os melhores do mercado, tranquilidade para trabalhar, sem pressão externa, muito menos interna e uma diretoria jovem que foi disposta a lhe dar o tempo necessário para implantar a sua filosofia de trabalho.

E teve tempo!

Em 2010, muito embora com chances, perdemos o Brasileirão. Em 2011, logo no inicio da temporada, o vexame contra o Tolima.

Em qualquer grande clube, ou melhor, em qualquer clube, o treinador teria sido demitido.

Não foi o que aconteceu. Tite permaneceu e conduziu a equipe a conquista do Brasileirão daquele ano.

Veio 2012 e as conquistas da Libertadores invicta e o bicampeonato mundial.

Vale ressaltar, reiterar.

No Corinthians, Tite tem tranquilidade para trabalhar, apoio incondicional do clube e quase incondicional de uma torcida apaixonada e numerosa, é querido pelo grupo de atletas, um elenco numeroso e de qualidade, o melhor do Brasil, comissão técnica e demais colaboradores, adorado pela crítica especializada, infraestrutura digna de clube europeu e certamente, um excelente salário.

Terá isto tudo em outro lugar?

E principalmente, tempo para implantar sua filosofia de trabalho?

Implantar um sistema de jogo participativo, solidário, onde quando atacado, todos defendem e quando da posse da bola, nem todos atacam, porque a qualquer momento o adversário pode retomar a bola e o sistema defensivo deve estar guarnecido?

Implantar uma filosofia de trabalho onde cada atleta deverá estar no auge da preparação física, porque será exigido, seja volante, seja zagueiro, seja atacante?

E enquanto não se implanta sua filosofia, terá apoio nas eventuais derrotas? Até quando, qual o tempo que lhe será dado para que o time enfrente e jogue de acordo com a sua filosofia?

Tite um dia sairá. Mas não será agora.

E quando decidir sair, tudo isto que foi posto acima, será levado em consideração, tanto quanto um salário milionário.