Não aguento mais ver você retrancar

Toda unanimidade é burra.
Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.

(Nelson Rodrigues)

Tite nunca foi unanimidade. Mas sempre teve o apoio da maioria esmagadora da crônica esportiva e da maioria da torcida corinthiana.

Mas aos poucos, o trabalho do treinador começa a ser questionado.

Lédio Carmona (Sportv), por exemplo, ontem comentou após a partida:

– O Corinthians não consegue mais se arrumar, recuperar o padrão de jogo. É um time preguiçoso. E, no fim das contas, o empate não foi bom para ninguém – afirmou Lédio.

“O time é (ou está) preguiçoso”, é o que mais se têm ouvido ultimamente.

Sob nossa ótica, não se trata de exatamente de preguiça.

O que falta, é a cobrança, é o compromisso com a melhoria contínua do trabalho e o que sobra, é a sensação do “seguro-emprego”.

Sobra também acomodação. O time está acomodado. Pelas conquistas recentes, por ter conquistado a taça que faltava no Memorial.

No Corinthians, prega-se e pratica-se a modernidade na gestão. E qualquer gestão moderna está apoiado na busca incessante por superação de metas e resultados.

Sheik foi cobrado pela torcida pelo selinho. Tite não é cobrado, nem Fábio Santos, nem Paulo André e quem está pagando o pato, é o próprio.

Teorias conspiratórias já começam a surgir. A chegada de Alexandre Pato teria balançado a estrutura da Igrejinha.

Trazido a peso de ouro, status de craque, a tal contratação do “marketing”, assediado, num patamar acima dos demais do elenco. Quebrou um paradigma, rachou uma cultura, no grupo nunca se adorou, nunca houve espaço para estrelas.

Exceto, claro, Ronaldo Fenômeno. Mas este ai é incontestável. Mas para garantir a sua aceitação no grupo, chamou para si a liderança.

Cercou-se de alguns jogadores, convidava-os para festas e rodadas de poker na sua casa, era chamado de “Paizão” por Dentinho, virou “parça” de Paulo André, quando Adilson Batista quis acabar com as rodadas de poker na concentração, tomou a frente e foi diretamente ao presidente do clube, negociava as premiações que geralmente incluíam os funcionários de apoio, em resumo, até a estrela teve que fazer o trabalho de base perante ao elenco.

Mas Ronaldo era escolado, macaco-velho, mil anos de estrada.

Pato é jovem, não tem essa desenvoltura, nem essa maturidade. Li em algum lugar nestes dias que até em relação aos recursos de fisiologia, já há queixas intramuros que todos estes recursos estão sendo utilizados sem moderação para Pato, em detrimento dos demais jogadores. Não acredito.

Voltando ao aspecto futebolístico, como se garantir a tal intensidade do time se Paulo André, Fabio Santos e Alessandro, por exemplo, não tem mais pernas para acompanhar seus adversários?

Vejam, até a tal consistência defensiva já começa a ser questionada pela crônica especializada. Contra o Luverdense, foram 12 finalizações (contra 4 do Corinthians).

E o time só não sofre mais gols porque todo o efetivo do time em campo é convocado para marcar.

Não estamos preocupados quanto ao que pode acontecer na quarta-feira.

Vai dar Corinthians. Com dificuldade ou não, mas vai dar Corinthians.

Depois, só Deus sabe.