11 de setembro: A queda das ovelhas

Deu a lógica no Maracanã.

Deu Botafogo, 1 a 0. Para o bem do futebol, para o bem de quem pratica um belo futebol, bem estruturado ofensivamente.

E venceu por me-re-ci-men-to. Venceu porque é o vice-líder do campeonato e não é a toa. Vai brigar pelo título, rodada a rodada, com o Cruzeiro.

O jogo foi bem movimentado. Movimentação e volume de jogo, de ambos os lados. Com a diferença de que, se de um lado alvinegro a desarticulação e a falta de um padrão de jogo, principalmente ofensivo, faziam o time chegar ao ataque, mas sem qualidade para finalizar a jogada, do outro lado alvinegro as triangulações, a organização tática e de forma inteligente, explorando as brechas do nossos sistema defensivo, outrora consistente, hoje já nem tanto assim, como ontem, chegava ao nosso campo de defesa de forma quase mortal.

Movimentações, articulações e liderança.

Sim, o Botafogo tem um líder dentro de campo, Seedorf. Ele orienta o time, corrige posicionamento dos companheiros, coordena as jogadas, é praticamente a voz do treinador Osvaldinho dentro de campo.

Algo que falta ao Corinthians. O Corinthians não tem um líder dentro de campo.Nosso time se tornou um amontoado de jogadores focados na parte defensiva, tentando compensar a falta de criatividade, a falta de um planejamento tático ofensivo, que faça o time chegar com mais qualidade de forma organizada e estruturada ao ataque. Mas mesmo que isso acontecesse, esbarraríamos na falta de pontaria, no “pé murcho” dos nossos atacantes, do velho e crônico problema de finalização.

Quando tudo parecia que caminharíamos para mais um empate – e um empate nas atuais circunstâncias seria um excelente resultado – a 1 minuto do final da partida, sofremos o gol que decretou a vitória botafoguense.

O lance que originou o gol do Botafogo começou exatamente pelo lado esquerdo, por onde atuava improvisadamente o zagueiro Felipe.

Edenilson não acompanhou Edilson, que conduziu a bola com velocidade, malandramente olhou para um lado, tocando para o outro, nas costas de Felipe (que bisonhamente caiu na malandragem de Edilson), encontrando Hyuri, que chutou para o fundo das redes, na saída desesperada de Cássio.

1 a 0 Botafogo, para a alegria de um vibrante Osvaldinho, para desespero de um atrapalhado e perdido Tite.

Antes de abrirmos o debate, o porque do termo “Ovelhas”. Em 2001, quando treinou o Grêmio, por fidelidade e gratidão aos líderes da conquista da Copa do Brasil daquele ano, Tite os manteve jogando mesmo diante de um declínio técnico, comprometendo a evolução do time. Estes jogadores ficaram conhecidos como “As Ovelhas de Tite”.

Em 2009, quando treinava o Inter e foi derrotado pelo Corinthians, na Copa do Brasil, o assunto voltou a tona na imprensa gaúcha http://wp.clicrbs.com.br/wianeycarlet/2009/06/21/tite-reedita-as-ovelhinhas-e-enterra-o-inter/,

já que mantinha no time jogadores mais alinhados e próximos a ele, mesmo sem as melhores condições técnicas.

Agora, com a mesma vocação para Pastor, Tite reedita o episódio das ovelhas. Mantém jogando atletas que não reúnem mais condições físicas de suportarem 90 minutos de uma partida, com o alto grau de competitividade exigida.

Alessandro, Danilo, Fabio Santos, Emerson Sheik e até de certa forma, Paulo André (o melhorzinho dos veteranos) já deviam estar servindo apenas como opção para o transcorrer da partida.

Mas vêm insistindo com estes atletas, comprometendo o trabalho e os resultados.

Morrerá abraçado a eles e a diretoria, que não se impõe diante de um quadro de ululante realidade.

Estamos nos afastando cada vez mais do G4, ainda mais de uma possível conquista do campeonato e o time terá que renascer, recriar-se, reinventar-se para vencer a Copa do Brasil e salvar o projeto para 2014.

Agora, vamos aos debates!