Quem é o dono ?

A aeronave caiu, sobraram poucos sobreviventes, entre eles, piloto,co-piloto e comissários de bordo.

A empresa convoca a imprensa para prestar os primeiros esclarecimentos e quem aparece para a coletiva: O “aeromoço“

Cena inimaginável, caros amigos.

Mas guardadas as devidas proporções, foi o que aconteceu ontem, no vestiário corinthiano, em Campo Grande, após a partida.

Fim de jogo, goleada contra a Portuguesa, um banho de bola e o primeiro que põe a cara para falar é o “aeromoço”, o beijoqueiro, Emerson Sheik, aquele que se aposentou em julho de 2012, mas ganhou renovação de contrato vitalícia.

Errou a diretoria. E feio. Nessa hora, quem põe a cara na frente é o diretor. Se não tinha diretor no local, que fosse o gerente. Que apareceu depois, mas depois…

Emerson Sheik te representa? A mim, não representa.

Na verdade, gostaria mesmo de ouvir as palavras do treinador.

Que preferiu o silêncio. Aliás, optou pela fuga.

E melhor que tenha sido assim, porque o seu rosário de desculpas está esgotado. Ontem não havia calor, frio, desgaste, viagem, calendário, bicho-de-pé, mal olhado, paquete, náusea ou dor de barriga que justificassem o desempenho do time.

Porque perder é do jogo. Mas perder andando em campo, olhando impassível o adversário jogando bola, não é do jogo.

Até do interino, professor?

Há semanas a diretoria vem se posicionando no sentido de que o que vinha acontecendo era normal.

Uma fase, apenas uma má fase. Desfalques, desentrosamento, etc, etc. Que o time é vencedor, ganhou quase tudo em um ano, que em 2 ou 3 partidas as coisas voltariam ao normal.

Não voltaram. E pioraram. Nosso presidente achou demasiadas e injustas as críticas, apegando-se ao fato de que quem era até outro dia “pé-quente”, não poderia se transformar, de repente, em “ausente”.

Compreendemos e respeitamos as palavras do presidente. Mas por outro lado, em campo as coisas não vinham bem, de repente até pelos motivos acima apresentados. Mas não só por estes motivos.

O fato é que ontem ficou evidenciado quem manda, de fato, no pedaço. Deixar que um grupo de boleiros cobra-criadas tomem conta do pedaço é um risco. Porque as coisas vão bem, enquanto tudo caminham bem.

E os líderes da “igrejinha”, entre eles, na maioria, veteranos em quase fim de carreira, sem pernas e sem gás pra segurar a onda e o rojão, na hora que precisassem bater no peito, botar a bola debaixo do braço e dizer, “Agora é comigo”, não estão em condições deste ato.

Tite e as ovelhas da meritocracia.

A devoção e gratidão aos veteranos que estão levando o time para o buraco.

Que não aceitou Alexandre Pato. Que está pagando o pato. Que não está tranquilo, nem alegre. Sem ambiente, enquadrado por veterano reserva do reserva (informações em off de “vestiário”), vai acabar pedindo pra sair, pra ser negociado. Tem mercado, facilmente conseguirá chegar a algum clube de primeiro ou segundo escalão do futebol europeu.

Porque se Pato fosse querido pelo grupo, teriam o aconselhado a não ir a lugar nenhum depois de uma derrota, que reza a lenda do futebol, boleiro depois de derrota não sai nem pra jantar com a família, que é do clube para casa. Mas não, o boleiro foi pro show e teve que suportar a pegação no pé de muitos torcedores.

E as Ovelhas de Tite se reunirão hoje a tarde. A tarde, sim, porque ninguém é de ferro…

Querem a permanência do treinador, que segundo a ESPN, teria pedido demissão. As ovelhas pediram que ele repense a decisão.

E a diretoria? O que vai fazer? Quem é que manda?

Deram espaço demais pro grupo depois das conquistas. E conquistas são efêmeras. Leiam sobre isso no livro de Phill Jackson, Cestas Sagradas. Ele conquistava um campeonato, brindava com uma taça de champanhe e se recolhia para a sua sala para planejar a próxima temporada. Porque entendia que se o time perdesse o primeiro jogo depois da conquista de um campeonato, seria cobrado normalmente, como se nunca tivesse ganhado nada.

Mas para alguns torcedores e de repente, até para o clube, 2012 é o ano que nunca mais acabará.

E mesmo conquistando Paulista e Recopa, o time vinha jogando mal, demonstrando ali, os primeiros sinais de que algo não estava tão bem assim. Infelizmente, as vitórias as vezes cobrem algumas realidades incontestáveis.

As ovelhas não querem a saída do treinador. É lógico, claro, evidente, ululante.

Porque alguém de fora chegando agora, vai se reunir com a diretoria, porta fechada e vai pedir um diagnóstico da situação.

Vai fazer mudanças, vai afastar igrejeiro, vai separar o joio do trigo, vai tirar leite de pedra e vai sobrar “beicinho” para todos os lados.

A bola tem que estar nas mãos e nos pés da diretoria. Não tem nada de boleiro dizer o que tem que acontecer. Se o treinador não se demitir, vai ficar ainda mais dependente e de rabo preso com as ovelhas.

E isso não é o que precisa acontecer. O treinador, se ficar, precisa escalar os melhores, quem estiver em condições plenamente física, técnica e psicológica.

Meritocracia para quem de fato merece. Não por rabo preso e gratidão.

E o CT não é Resort, não é Spa Ecológico, não é Ilha de Caras, tem que se transformar em quartel. Linha dura, treinamento forte, confinamento, até o final da temporada.

Com ou sem Tite.

E aquela frase do Mário Sergio, “Já vi o Corinthians vencer, já vi o Corinthians perder, mas eu nunca vi o Corinthians se entregar”, caiu um mito.

Porque ontem o time perdeu vergonhosamente se entregando.

E como desgraça pouca é bobagem, graças a você, infeliz que atirou uma garrafa dentro de campo e acertou o bandeirinha (infeliz, mas bom de pontaria), o fato foi devidamente relatado pelo delegado da partida e certamente, muito, mas muito certamente, o clube será punido e jogaremos mais alguns jogos, até o final da temporada, longe do Pacaembu.

Parabéns ao envolvido.