As lições que ficam para o Professor

Os últimos anos de Tite no Corinthians foram os mais especiais na sua carreira.

Entre derrotas e conquistas, Tite ficou marcado como um dos maiores treinadores da história do Corinthians.

Um dos maiores.

Acho um tremendo exagero quando leio ou ouço alguém dizer que ele é o maior treinador destes 103 anos de Corinthians.

Normalmente dito por gente que acredita que o Corinthians foi fundado em 2012.

Enfim, cada qual com a sua opinião.

Daqui a pouco, quando chegar ao Pacaembu, quando fizer a preleção, quando subir os degraus que levam do vestiário ao gramado, quando chegar ao banco de reservas cercado por dezenas de microfones e quando ouvir as homenagens da torcida, Tite estará vivendo seus últimos momentos como treinador do Corinthians.

Uma passagem realmente cercada de muitas emoções.

E muito provavelmente, Tite aprendeu algumas lições nesta que foi a sua segunda passagem pelo Corinthians.

Algumas delas:

1. Não existe pressão maior que a do resultado. Nem da imprensa, nem de dirigentes, nem da torcida, a maior pressão exercida sobre um treinador é o resultado. Enquanto as vitórias acontecerem, tudo caminhará bem. Se os resultados deixarem de surgir, vem a pressão.
2. Gratidão a boleiro. Meritocracia, me-re-ci-men-to, “Família-Tite”, isso tudo é bobagem. Boleiro não tem comprometimento com o clube, não cria e nem quer criar raízes, boleiro tem consciência que precisa jogar bem pra ser vitorioso e poder pleitear melhores contratos, valorizar seus direitos econômicos. E quem deve jogar? Deve jogar quem estiver bem, devem jogar os melhores. Tite ficou preso a panela de jogadores. Insistiu demais, acreditou que a bolerage veterana continuaria dando conta do recado. Mas assistiu do banco o time perdendo a consistência, porque muitos já não tinham gás, nem pernas. Mesmo assim continuou insistindo. E comprometeu o resultado. Não dando resultado, vem a pressão. Ele vai. Mas alguns da panela ficarão porque estão amarrados a contratos até o final do ano que vem, até 2015.
3. Porque ter medo da mudança? Se tem apoio da torcida, da diretoria e da imprensa, porque não inovar? Porque ficar preso a um esquema tático que se tornou manjado, facilmente neutralizado, que já não estava dando resultados. Não sabemos se Tite, em outro clube, receberá tanto apoio, terá tanta infraestrutura e peças de reposição de qualidade, como teve no Corinthians. Aqui ele teve liberdade para ousar e mudar, mas se manteve fiel ao seu conceito de jogo já ultrapassado. E deu no que deu.
4. Teorias, filosofia. “A bola não entra por acaso”, “Não sofrer gols é mais importante que fazer”, entre tantas escritas por “filósofos de escrivaninha”, que nunca chutaram ou arremessaram uma bola e o único esporte praticado é o alterocopismo. A única filosofia é a da bola. Da bola na rede. “A bola tem que atravessar aquele retângulo, o que vale é bola na rede”. Aprenda essa também, Tite. Futebol é bola na rede. Sem gols, não se vence. Se não sofre gols e também não faz, empata. E se empatar demais, não ganha campeonato.
5. Conquistar campeonatos é melhor do que perder. Se perdeu, absorve, analisa o que foi feito de errado e se corrige para a próxima oportunidade. Se venceu, vibra-se, comemora-se, curte de montão a conquista, mas no dia seguinte, vida nova, bola pra frente. As vitórias são efêmeras. Uma vitória faz bem pro ego, faz bem pra alma. Os efeitos de uma derrota costumam ser perversos. Menos duradouros que os efeitos de uma vitória, porém, mais perversos. Não existe Memorial das Derrotas. Memorial, só pras conquistas. E é lá que devem ficar as conquistas.Lá estarão guardadas, materializadas e lá que devem ser contempladas. Não se vive de vitória no passado.

Elenquei as principais.

Certamente existem outras.

Mas lição foi feita pra ser aprendida.

Mas uma, pelo menos, Tite parece que não aprendeu.

Para que insistir na improvisação? Por que Renato Augusto como referência no ataque e não Emerson, aproveitando a maior habilidade de Augusto para criar e carregar a bola em diagonal e vertical ?

Por que não aproveitar os 4 últimos jogos para dar oportunidade a outros jogadores que foram pouco ou mal aproveitados ?

Bem, discutir isso agora é totalmente desnecessário. Tite é praticamente passado e tentar entende-lo será exercício de masoquismo.

Das 5 etapas do “Pós-Tite” – Negação, Raiva/Furia, Negociação, Depressão e Aceitação, encontro-me em duas que não constam da relação.

Alívio e esperança.

E você, em qual fase se encontra ?