“Edirzão do Bras”: 680 milhões com alvará de reforma. Mas isso você não vai ver no R7

As vezes quando leio alguma notícia ou tomo conhecimento de algum fato, fico imaginando qual seria a opinião de determinados jornalistas.

Como agora, no caso da construção – construção, não “reforma” – do Templo de Salomão, a faraônica obra da Igreja Universal.

Adoraria saber qual a opinião de Cosme Rímoli, por exemplo. “Caga-regras” oficial de plantão, que andou dando vários pitacos sobre a obra da Arena Corinthians, por exemplo.

O Templo de Salomão, no Brás, região central de São Paulo, foi construído com autorização de um alvará de reforma expedido em outubro de 2008, o que livrou a Igreja Universal do Reino de Deus de pagar 5% do valor da obra, de R$ 680 milhões, em contrapartidas e melhorias para o viário do entorno – ou seja, cerca de R$ 35 milhões. Para uma obra com mais de 5 mil metros quadrados e 499 vagas de estacionamento, o alvará solicitado deveria ser o de nova obra, conforme determina a lei dos polos geradores de tráfego, de 2010.

Mas a Igreja Universal conseguiu autorização para fazer uma “reforma” com área adicional de 64.519 metros quadrados, em um terreno que tinha área construída de 2.687,32 m². A autorização foi emitida pelo setor Aprov 5, da Secretaria Municipal de Habitação, à época comandado pelo ex-diretor Hussein Aref Saab, demitido em 2012 sob suspeita de enriquecimento ilícito.

35 milhões deixaram de ser arrecadados pela prefeitura.

Nesta semana, o templo foi inaugurado, contou com a presença das principais autoridades político-administrativa do país e travou o trânsito na região.

A Igreja Universal alega que a obra foi construída com doações dos fiéis.

E querem saber o pior? Eu acredito.

Sim, acredito. Recentemente tomei conhecimento de números oficiais de doações de uma determinada instituição religiosa do mesmo gênero.

É algo inimaginável. São milhões em doações ao mês. Milhões. Dezenas de atendentes de Call Center trabalhando em sistema de revezamento 7×24, atendendo das mais variadas ligações.

Pedidos de orações são as mais frequentes. E a cada pedido, um “voto”, uma contribuição.

Esta contribuição vai desde os modestos 10 reais até milhares de reais, casas, terrenos, carros, etc.

É sério, é oficial.

Portanto, arrecadas ao longo dos anos quantia suficiente para levantar o Templo, foi matéria relativamente fácil. Até porque, a Universal é a maior do segmento.

Mas, e os 35 milhões que deixaram de ser arrecadados? E o tal alvará expedido para “reforma”?

Isso tudo vai ser investigado?

Será levada adiante qualquer investigação que envolva a poderosa universal, amparada por dezenas de políticos ocupando cargos de vereadores, deputados e senadores?

Sei não.

E ai pessoal do R7 – portal da Rede Record, que tem como maior “anunciante” a Igreja Universal?

Bora praticar o jornalismo?