Quero o meu rivale de volta

Vim de um tempo em que o Parmera era o nosso rivale.

Meu primeiro jogo num estádio foi em 1974, na fatídica final no Natelzão. Lá aprendi a amar o Corinthians e a nossa torcida. E lá aprendi a odiar Rivelino.

Coisas da vida.

Mas também aprendi a respeitar o periquito, o parmera, o palestra.

Não admitia perder pra eles nem nas pelejas de jogo-de-botão, no velho “Estrelão”, replica de um campo de futebol, feito em fórmica, brinquedo desejado por 10 entre 10 garotos da minha época.

Em Rio Claro, onde passei grande parte da minha infância, eu e meu amigo Marcelo rivalizávamos nas peladas na rua ou nos campinhos de terra do quintal do meu primo Efinho ou em qualquer pedaço de terra e mato onde fosse possível espetar uma trave improvisada. No jogo-de-botão, o bicho pegava. Ora ele ganhava, ora eu. Mas ele era mais sacana, as vezes apelava, roubava, carcava la mano na bola tentando empurra-la pra dentro da minha meta defendida por Ado e depois, Paulo Sérgio.

O tempo foi passando e o respeito pelo rivale, de minha parte, preservado. Mas notei que isso, na medida em que as novas gerações foram surgindo, acabou se perdendo no tempo.

Há quem diga que o nosso rival são os bambi, tese que abomino e desprezo.

Venho observando de longe, quase de perto, toda essa polêmica em torno do tal mundial 51 que os porco encasquetaram que merecem vê-lo reconhecido como mundial.

É como se a gente pleiteasse a conquista do “Mundial” de 53.

Acompanho, mais de perto, a evolução dos 11 rivale em campo, nos últimos anos, nos últimos jogos.

É uma ladeira sem dó. É como se um jipe estivesse descendo desgovernado aquelas ladeiras enormemente inclinadas do bairro das Perdizes / Pompéia, sem freio, sem buzina, sem farol e sem piloto. E a torcida correndo atrás, tentando segurar o jipe com os dentes.

Que coisa triste, lamentável, o que estão fazendo com o nosso rivale. Que depois do leite derramado, parece que se perdeu e não se encontra mais.

Um estádio sendo construído que não é seu, um time de dar dó, um presidente playboy colocando centena de dezenas de milhões que não sei de onde ele tira e a torcida não sabendo mais o que fazer.

Confesso, fico triste. Quero ver meu rivale forte para que a gente volte a protagonizar aqueles derbis de antigamente, que lotava o vergonhão do Adhemar, que eles (quase) dividiam ao meio, já que a gente sempre ficava com 3 gomos a mais que eles, mas nem por isso deixavam de comparecer em grande número.

Forza, Palesta.