Trecho do relatório Final da Comissão do Pacaembu

Segue abaixo, para debate, trecho do Relatório Final da Comissão de Estudos para Debates e Discussões sobre a Destinação do Estádio Municipal do Pacaembu.

As reuniões foram realizadas na Câmara Municipal em maio/junho deste ano:

I – O INTERESSE DO SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA

Atravessando um período de grandes conquistas, após cair para a Série B, o Corinthians se prepara para as celebrações do seu Centenário. Dentre os compromissos de campanha do seu atual presidente, Andrés Navarro Sanchez, destaca-se a escolha do estádio que passará a ser a Casa da Fiel.

O Clube foi categórico em afirmar que sua primeira prioridade é o Estádio do Pacaembu, por três razões:

– papel social: na nova imagem que o Clube procura construir, é importante que assuma seu papel de balizador de um comportamento política e socialmente correto: ele abraça e promove as causas justas, como a defesa do meio-ambiente, o alinhamento com as minorias, o amparo à infância e a filantropia para com os menos aquinhoados.

Ao assumir o Estádio do Pacaembu, o Clube teria uma oportunidade ímpar de amalgamar dois ícones da cultura paulistana, demonstrar seu espírito público ao zelar pelo patrimônio histórico-cultural que aquele conjunto arquitetônico representa e colaborar para a valorização de seu entorno, seja por diminuir perturbações à paz do bairro, seja por garantir que as instalações esportivo e recreativas tenham utilização plena e confortável.

– tradições clubistas: quase como um corolário de ser o único time relevante da Capital que não possui estádio próprio, o Corinthians viu o Estádio do Pacaembu transformar-se na sua casa de fato, onde a Fiel se instala de forma aconchegante, repleta de emoções inesquecíveis, pelos momentos de euforia e sofrimento que lá experimentou. Nenhum outro sítio acalentaria a Fiel como o Pacaembu.

– lógica econômica: a função-objetivo do Corinthians é conquistar títulos. Seu estádio deve ser otimizado, de forma a gerar o maior excedente possível, que será transferido para o Futebol. Assim sendo, assumir o Pacaembu, elevar sua capacidade para 45 mil espectadores e dotá-lo de conforto mínimo necessário, eis o conceito de concessão que maximiza o retorno econômico de assumir o Estádio do Pacaembu.

Para conquistar o privilégio de receber a concessão, o Corinthians se dispõe a:

– submeter para aprovação prévia, seu projeto de modernização que respeita integralmente o patrimônio arquitetônico-cultural do Estádio do Pacaembu;

– abrir mão de usar o Estádio do Pacaembu para outro propósito que não o de mandar seus jogos. Não seria necessária nem a permissão para dois shows anuais;

– comprometer-se a tornar o Estádio do Pacaembu um centro de convivência mais intenso do que hoje, oferecendo serviços culturais e de lazer adicionais aos já existentes;

– manter o compromisso de hospedar e fomentar a atratividade do Museu do Futebol;

– respeitar o espaço, direitos adquiridos do clube de vizinhança hoje em operação, dispondo-se a oferecer seus conhecimentos de gestão de clube para valorizar a utilização daquele espaço, prescindindo da utilização das instalações existentes pelos sócios do Corinthians, já atendidos pelo Parque São Jorge.

Em contrapartida, necessitaria receber a concessão onerosa já com um pré-projeto aprovado, no qual se estabeleceriam os limites da intervenção a ser efetuada. O propósito desta solicitação é dar conforto às partes envolvidas de que os limites do tombamento foram respeitados, sem prejudicar a segurança dos espectadores e jogadores nem comprometer a extração do retorno requerido pelo Corinthians para honrar os compromissos que assumirá na concretização da modernização do Estádio do Pacaembu e elevar sua capacidade de gerar receitas no uso do seu estádio.

Conforme pré-estudo apresentado à Comissão, o Clube já desenvolveu uma opção de intervenção de valor aproximado de R$ 100 milhões e que gostaria de implementar, por sentir-se seguro de que tais valores são compatíveis com a capacidade de geração de receitas do Clube.

Entretanto, o Corinthians reconhece que a Cidade de São Paulo pode legitimamente reivindicar o privilégio de promover uma modernização radical, na fronteira da tecnologia existente para a construção de estádios, a um custo que supere a verba aceitável pelo Clube. Deixando claro que não tem qualquer veleidade de abrigar jogos da Copa do Mundo – na verdade, o Corinthians defende o apoio público à adequação do estádio do Morumbi para este fim – o Clube mantém-se aberto a soluções criativas de investimento, envolvendo participações tripartites (Corinthians – setor público – setor privado) desde que a contribuição do Corinthians fique aquém da cifra estimada para o pré-projeto já apresentado e que não paire dúvidas de que a Fiel tem no Estádio do Pacaembu a sua tão sonhada Casa.

É indispensável, contudo, que uma posição final e oficial seja definida antes do último trimestre de 2009, para que o Clube possa então ou abraçar a missão de assumir o projeto do Novo Pacaembu ou partir para construção de um novo estádio, escolhido dentre as diversas opções que lhe vêm sido submetidas nos últimos meses.