Os argentinos estão mordidos, com sangue nos olhos, cheios de gana e vontade de se vingar da derrota na Libertadores do ano passado.
Nosso time tem que estar ligado, focado e jogar com inteligência.
Pois é.
Ontem alertávamos quanto ao fato da necessidade do time entrar ligado, focado e jogar com inteligência.
A tão falada consistência, intensidade, o desenho tático elogiado por 10 entre 10 profissionais que vivem da bola, pelo menos nesta partida, diante do Boca, não esteve presente.
Uma equipe que ao longo dos anos ficou marcada, entre outras coisas, pela posse de bola, hoje mal conseguia controla-la.
Ansiedade, nervosismo, só os atletas poderão dizer o que de fato os abateu.
Na verdade, coletivamente não jogamos bem.
Individualmente, alguns jogadores deixaram demais a desejar.
Paulo André em outra órbita, nossos laterais, como sempre, nossos laterais, Ralf disperso e nervoso, Paulinho, aquele que pensa que é meia e se esqueceu que é segundo volante, Emerson voluntarioso como sempre, esforçado, mas também, só isto, Danilo em permanente estado de currução (termo caipira aplicado para quem vive com sono), enfim, coletivamente e individualmente, o time deixou a desejar.
A principal diferença deste Boca para o Boca do jogo do ano passado, está no banco.
Carlos Bianchi, um dos maiores treinadores da história do futebol argentino, conhece cada milímetro daquela Bombonera, cada página da história do Boca Juniors e sabe muito bem como armar uma equipe.
E mesmo tendo em mão o que é considerado um dos piores plantéis da história do time argentino, foi quase perfeito taticamente nesta noite.
Por outro lado, nosso treinador não conseguiu mudar o estado das coisas, assistindo, quase que impassível, um time jogando de forma irreconhecível, sem conseguir colocar em prática o dever de casa, já que não é possível que seja isso que vimos, o que foi treinado, o que foi ensaiado.
Perdemos de 1 a 0 e pelo que jogamos, foi pouco, e dentro das circunstâncias, dos males, o menor.
A boa notícia é que esta partida muito provavelmente foi a melhor disputada pelo Boca, neste ano. O time é limitado e mesmo com Riquelme em campo, não joga mais do que isto.
A má notícia é que aqui catimbarão o jogo todo, a tal milonga argentina será colocada em prática como nunca antes na história do futebol hermano e se entrarmos na pilha, não avançaremos.
Podemos jogar muito mais do que jogamos hoje.
Porque tanto quanto futebol, faltou tranquilidade, malandragem, não havia por que o time estar tão ansioso, tão nervoso, tão descontrolado.
Voltando ao ponto individual, alguém precisa conversar com o Paulinho. Que seja o treinador, o gerente, os diretores ou até o presidente.
Alguém precisa ser curto e grosso com ele: “Paulinho, você é volante, meu amigo. Se quer jogar de meia, de ponta de lança, vai ter que disputar posição com outro jogador”.
Paulinho está sobrecarregando seu companheiro Ralf e não é de hoje. Sobrecarregando Ralf, adeus consistência defensiva, ato contínuo, efeito cascata em série, defesa fica exposta e ai, se o multimídia Paulo André não estiver numa boa noite, danou-se.
Falar dos nossos laterais é chover no molhado.
Danilo, jogador inteligente, bom passador, de excelente visão de jogo, mas que tal se ligar, acordar, participar mais do jogo?
E Alexandre Pato, o jogador mais caro do elenco, diferenciado, vai ser reserva de luxo até quando?
Mal aproveitado, neste jogo, por exemplo, em alguns momento foi visto ajudando na defesa e jogando no meio de campo, como se fosse um volante…
Enfim, a intenção não foi carregar nas cores, ser catastrófico ou emitir opiniões pessimistas.
Não se trata disso. Mas também não podemos nos esconder da realidade.
Somos um clube vencedor, mas também temos deficiências.
Deficiências que precisam ser encaradas e erradicadas.
E por falar em deficiência, que falta faz neste time um cobrador de faltas, de escanteio…
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E Vai Corinthians